6 de agosto de 2020

Libertas Quae Sera Tamem - Parte I

Faltam 149 dias para o Centenário

Estávamos no ano de 1997 e partíamos para a disputa da sexta Copa Libertadores da nossa história. O ano começou tumultuado, contratamos o técnico Oscar Bernardi, ex-zagueiro da Ponte Preta, São Paulo e Seleção Brasileira, que durou apenas 5 jogos no cargo, com duas vitórias, um empate e duas derrotas, sendo que a última frente ao Grêmio em pleno Mineirão lhe custou a demissão e para seu lugar foi contratado Paulo Autuori, que havia sido campeão Brasileiro com o Botafogo em 1995.

A Libertadores era o sonho, mas tudo levava a crer que se tornaria pesadelo, pois perdemos as três primeiras partidas.

Ricardinho em ação. otempo.com.br

Vamos voltar no tempo, e contar como foi nossa caminhada naquela competição. Nosso grupo era formado por Grêmio e os peruanos do Alianza Lima um velho e bom conhecido e o Sporting Cristal. 

No dia 19/02/97, recebemos o Grêmio no Mineirão e perante os mais de 33.000 cruzeirenses presentes ao estádio, saímos derrotados por 2 a 1, gols de Zé Alcino e Emerson para o Grêmio, enquanto Ailton fez o nosso gol. 

Partimos para o segundo jogo em Lima e no dia 25/02/97 enfrentamos o Alianza Lima no Estádio Nacional, saímos derrotados por 1 a 0 gol de Sáenz. 

No terceiro jogo ainda na mesma cidade em 28/02/97, nova derrota por 1 a 0, dessa vez para o Sporting Cristal, gol do brasileiro Julinho e praticamente estava decretada nossa eliminação na competição. 

O returno dos jogos iriam acontecer a partir do dia 12/03/97 e isso possibilitou ao grupo realizar uma mini pré-temporada e isso foi fundamental para a nossa sequência na disputa da classificação. 

No dia 12/03/97 enfrentamos o Grêmio no Estádio Olímpico e tivemos uma vitória histórica por 1  0, gol de Palhinha, foi nossa primeira vitória contra o Grêmio em seu estádio e significou que respirávamos ainda por aparelhos,as chances de classificação eram remotas, mas ainda existiam. 

A vitória sobre o Campeão Brasileiro de 1996, deu moral ao grupo e voltamos para Belo Horizonte imbuídos de buscar a classificação, dependíamos de duas vitórias para avançarmos à oitavas de final.

No dia 18/03/97, no Mineirão vencemos o Alianza Lima por 2 a 0, gols de Reinaldo e Palhinha, o público ainda receoso das nossas reais chances de classificação foi de 20.915 torcedores. 

Mais uma parte da difícil missão cumprida, o próximo obstáculo a ser superado seria o Sporting Cristal e no dia 28/04/97 diante de um público de apenas 8.437 torcedores, vencemos por 2 a 1 gols de Alex Mineiro e Reinaldo para o Cruzeiro e Bonnet para os peruanos. Com esse resultado terminamos em segundo lugar do grupo e avançamos na competição. 

Nas oitavas de final fizemos a primeira partida em Quito contra o El Nacional, jogamos no Estádio Atahualpa diante de 22.000 torcedores  e perdemos por 1 a 0, gol de Chalá.

No jogo da volta no Mineirão no dia 14/05/97, com um público de 19.964 torcedores vencemos por 2 a 1, com dois gols de Marcelo Ramos, enquanto Arroio fez o gol equatoriano que levou a decisão para as penalidades aos 45’ do 2ºT. Nos pênaltis fomos eficientes convertendo as cinco cobranças e no gol, brilhou a estrela de Dida que defendeu uma cobrança.

Avançávamos para as quartas de final e por questão de regulamento, caso tivessem equipes do mesmo país nessa fase, deveriam se enfrentar, assim teríamos novamente o Grêmio no nosso caminho.

Assim, em 27/05/97 recebemos o Grêmio no Mineirão, a torcida  começou a acreditar mais nas nossas chances e 49.402 torcedores viram a nossa vitória por 2 a 0, gols no primeiro tempo,  Elivelton aos 40’’ e Alex Mineiro aos 28’. Fizemos uma vantagem que nos daria certa tranquilidade para o jogo em Porto Alegre.

O jogo da volta aconteceu no dia 03/06/97, 32. 404 torcedores estiveram presentes ao Estádio Olímpico e presenciaram a classificação Cruzeirense para a semifinal, embora o Grêmio tenha vencido por 2 a 1, gols de Mauro Galvão e Zé Alcino para os gaúchos e Fabinho para o Cruzeiro. No placar agregado 3 a 2 para o Cabuloso, que naquele tempo ainda não era conhecido como tal.

Na semifinal no dia 23/07/97 nosso adversário foi o chileno Colo Colo, jogo no Mineirão, público de 31.246 e uma vitória apertada por 1 a 0, que nos deixava apreensivos para o jogo da volta em Santiago.

O jogo da volta aconteceu em 30/07/97, eu morava em Campinas e o jogo não foi transmitido para a cidade, a internet engatinhava e como eu morava em uma região cercada por prédios, não conseguia sintonizar nem a Rádio Itaitiaia, nem a Rádio Inconfidência, o remédio era ligar para minha mãeem BH a cada 5 minutos e perguntar pelo resultado do jogo, foi uma agonia.

O Estádio Nacional de Santiago, nosso velho conhecido foi o palco do jogo que aconteceu no mesmo dia do nosso triunfo contra o River Plate em 1976, mais de 50.000 torcedores estiveram presentes e o jogo foi simplesmente dramático.

O Colo abriu o placar com Basay aos 20’ do 1º T, Marcelo Ramos empatou aos 29’ do 1º T. Na volta do 2º T levamos dois gols aos 2’ e 6’, ambos convertidos por Basay e Cleisson fez o gol que nos trouxe de volta ao jogo aos 18’ do 2º T. Eu estava transtornado, não tinha rádio, não tinha TV. Quando eram 30’ do 2º T tomei uma decisão que literalmente me custou muito caro mas aliviou minha alma, liguei do meu telefone celular, para o telefone fixo da minha mãe em BH, ouvi os minutos finais do jogo, a disputa de pênaltis e ainda as entrevistas do pós jogo.

No tempo normal perdemos por 3 a 2. Nas cobranças de pênalti vencemos por 4 a 1, sendo que Dida defendeu duas cobranças, uma inclusive do artilheiro do jogo Basay e a outra de Espina.

Estávamos na final, eu muito feliz, porém, a minha conta de telefone bateu em mais de 400,00, uma verdadeira fortuna para quem ganhava naquela época R$ 1.700 brutos e só de aluguel pagava R$ 700,00 os meses de agosto e setembro de 1997 foram meses de aperto no bolso.         

Mas lamentações a parte chegamos a final e fizemos a primeira partida no Peru, novamente contra o Sporting Crystal, era dia 06/08/97, um jogo muito pegado, muita marcação e pouca criatividade e no final o 0 a 0 foi justo pelo futebol apresentado pelas duas equipes.       

 Cruzeiro Sempre! 

Recordar é viver, há 23 anos atrás dia 06/08/09

1ª Partida Decisão da Copa Libertadores de 1997                                                            Estádio Nacional de Lima no Peru - Sporting Crystal 0 x 0 Cruzeiro                                   Arbitragem: Byron Moreno, Maurício Reinoso e Bommer Fierro EQU 

Sporting Crystal: Balerio, Soto, Asteggiano, Rebosio(Torres) e Vasquez(Mendoza); GAray, Marengo e Solano; Carmona(Magallanes), Bonnet e Julinho. Técnico: Sérgio Markarian

Cruzeiro: Dida, Vitor Gelson, Gotardo e Nonato; Fabinho, Ricardinho e Donizete; Cleison, Palhinha(Tico), Marcelo Ramos(Da Silva). Técnico: Paulo Autuori.

Cartão Vermelho - Cleison:   

Fonte: Almanaque Cruzeiro - Henrique Ribeiro e Livro Rei de Copas  Alexandre Simões 

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