Faltam 12
dias para o Centenário
Luizinho começou a apresentar problemas de saúde quando tinha 46 anos de idade, corria o ano de 1958 e após alguns exames, descobriu que mesmo não sendo portador de doença de chagas, tinha o coração dilatado.
Aprendeu a beber aos 9 anos e a fumar aos 12 e mesmo tendo descoberto o problema no coração, ainda continuou a fumar por mais 08 anos, quando recebeu um ultimato médico, se não parasse com o vício do cigarro, não teria mais que um ano de vida .
Chegamos ao ano de 1976 e sua saúde piorou no segundo semestre, estava bem até o mês de julho quando conquistamos a primeira Libertadores, mas à partir daí começou frequentar os hospitais.

No dia 23/11/76 fizemos a primeira partida pela decisão do mundial de clubes, Luizinho estava hospitalizado e foi preciso uma autorização dos médicos para que eu pudesse ir até o hospital e ouvir pelo rádio a primeira partida da decisão, eu tinha apenas onze anos de idade. Esse jogo, foi o último que estivemos juntos, ouvimos com atenção a transmissão de um jogo muito equilibrado, resistimos bravamente ao poderosíssimo time do Bayern e às condições adversas de temperatura, o estádio Olímpico de Munique estava coberto de neve e até os trinta e cinco minutos do segundo tempo o placar era 0 a 0, mas infelizmente levamos dois gols nos dez minutos finais e saímos derrotados. Eu fiquei muito decepcionado com o resultado, mas Luizinho me tranquilizou e disse que no jogo de volta devolveríamos o placar e seríamos campeões.
Começamos a partir daquele instante a viver a expectativa do jogo da volta, que ocorreria em Belo Horizonte no dia 21/12/76 e para minha alegria e surpresa, meu avô chamou meu pai, torcedor do dilurdes e na sua forma sempre objetiva de ser, apenas falou:
- Zé, o menino vai a esse jogo e será você quem vai levá-lo. O ingresso de arquibancada custava R$ 60,00 sessenta cruzeiros, não consigo mensurar quanto valeria hoje, só sei que para aquele tempo e para nossa realidade financeira, era muito dinheiro.
Recado dado, passei a viver a expectativa de um momento que nem imaginava como seria, foi o último jogo também que fui com meu pai ao Mineirão e posso dizer até hoje que foi um jogo para sempre!
Saímos para o estádio as 16:00 horas, o jogo seria as 21:00 horas.
Fomos com meu vizinho Marcos Brasil, um cunhado dele chamado Vitorino, Zé Mendes e eu, o carro era um fuscão laranja 1975 e desse grupo apenas meu pai não era cruzeirense. Chegamos ao Estádio por volta das 17 horas, os portões só seriam abertos às 18 horas, mas houve atraso nesse abertura, o que ocasionou arrombamento de alguns portões, o resultado disso, público oficial divulgado de 113 mil pagantes, mas confesso que a sensação de quantidade de pessoas, foi a mesma da decisão do Campeonato Mineiro de 1997, quando estiveram presentes ao estádio mais de 132 mil pessoas.
Minhas lembranças do jogo estão se apagando, pois já se passaram 44 anos, mas está bem presente na minha memória a equipe do Bayern fazendo o reconhecimento do gramado, os jogadores carregando grandes bolsas com o material de jogo, a elegância de Frans Beckenbauer durante o aquecimento, de Sepp Maier fazendo alongamentos.
Na hora que a bola rolou, me recordo de um jogo muito disputado, com os goleiros sendo os grandes responsáveis pelo 0 a 0, Raul e Sepp Maier fizeram defesas milagrosas. Vejo nesse momento, nosso ataque pela direita ainda no primeiro tempo, para o gol da Lagoa, Eduardo cruzou na cabeça de Jairzinho, que olhou, escolheu o canto e cabeceou no lado esquerdo de Sep Mayer que mandou para escanteio.
Ao final do jogo, o resultado não era o que precisávamos, mas ficou marcado nas nossas páginas heroicas imortais e na minha vida. Foi um desfile de grandes jogadores do futebol mundial, de ambos os lados, campões do mundo, como nosso capitão Piazza, o Furacão da Copa de 70 no México, Jairzinho, do Príncipe Dirceu Lopes, do Bailarino Joãzinho. Do lado alemão os campões do Mundo da Copa de 74, o Kaizer Frans Beckenbauer, do fantástico Goleiro Sepp Maier, da lenda Gerd Müller e de uma jovem promessa de apenas 21 anos, chamada Karl Heinz Rummenigge.
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Recordar é viver, há quarenta e quatro anos atrás, dia 21/12/76, decisão do Campeonato Mundial Interclubes da FIFA Cruzeiro x Bayern e eu estava lá!
23/12/76 - Jogo Cruzeiro 0 x 0 Bayern
2ª Partida da Final Mundial Interclubes
Estádio Mineirão Público 113.715
Arbitragem: Patrick Partridge (ING), Luberto Michelotti (ITA) e Roberto Watz (FRA)
Cruzeiro: Raul, Nelinho, Moraes, Ozires e Vanderley; Piazza (Eduardo Amorim), Zé Carlos, Palhinha e Dirceu Lopes (Pablo Forlán); Joãozinho e Jairzinho. Técnico: Zezé Moreira
Bayern: Sepp Maier, Andersson, Schwarzenbeck, Beckenbauer e Horsmann; Kapellmann, Torstensson, Weiss e U. Hoeness; Gerd Müller e Rummenigge (Arbinger). Técnico: Dettmar Cramer
Galeria de Fotos: Fonte www.youtube.com.br; Gazeta Express; Revista Placar Editora Abril; Jornal o Estado de Minas; Foto Imagens TV Itacolomi MG.