Faltam 33 dias para o Centenário
De todas as nossas grandes páginas heroicas imortais, atribuo
a mais importante delas a conquista da Taça Brasil de 1966, que posteriormente,
como muita justiça e coerência por parte da CBF, foi elevada ao patamar de
Campeonato Brasileiro, os representantes do Brasil na Copa Libertadores da América
eram o campeão e vice da Taça Brasil.
A única grande conquista que nos meus 55 anos de idade não
pude presenciar, embora já era nascido e fosse cruzeirense. Mas isso não diminui o prazer e a emoção de
relatar esse acontecimento maravilhoso, mágico, que mudou definitivamente a
nossa história de Clube de Futebol.
A caminhada na competição teve início contra o Americano
de Campos, que representava o estado do Rio de Janeiro, no dia 07/09/66 vencemos
por 4 a 0, gols de Tostão, Natal, Zé Carlos e Evaldo, no jogo da volta no dia
14/09/66 já no Mineirão, passeamos em campo e goleamos o adversário por 6 a 1,
um placar inclusive muito sugestivo e recorrente na nossa história. Os gols cruzeirenses foram marcados por
Evaldo, Marco Antonio duas vezes, Zé Carlos, Evaldo e Zé Alcindo(contra), o gol
de honra do Americano foi marcado por
Paulo Roberto.
Avançando de fase, nosso adversário foi o Grêmio, que à época
detinha o título de penta campeão gaúcho e chegou ainda naquela década ao
heptacampeonato (1962-1968), um time historicamente difícil de ser batido.
O primeiro jogo aconteceu em Porto Alegre no dia 09/10/66 e o
placar final foi o empate em 0 a 0.
Na partida da volta no dia 23/10/66 no Mineirão começamos
perdendo por 1 a 0, gol de Vieira.
No segundo tempo veio a virada, o empate com Marco Antonio e
o gol da vitória e da classificação, foi marcado por Tostão.
Estávamos na semifinal e o adversário seria o Fluminense,
fizemos o jogo de ida no Mineirão no dia 09/11/66 e vencemos por 1 a 0, gol de
Evaldo.
O jogo da volta aconteceu no dia 23/11/66 no Maracanã,
vencemos por 3 a 1, gols de Evaldo duas vezes e Dalmar para o Cruzeiro, enquanto
Piazza fez contra, para o Fluminense.
Estávamos na final, a primeira decisão de um time mineiro em
nível nacional e o adversário seria nada menos que o Santos de Pelé e cia, que
buscava o hexacampeonato da competição, vinha sendo campeão desde 1961.
Para a imprensa de São Paulo, seria mais uma decisão para o Santos
confirmar sua hegemonia no futebol brasileiro.
Para nós cruzeirenses, a história era um pouco diferente, uma
vez que nosso time vinha jogando bem, vencendo, convencendo e encantando,desde o
ano anterior.
Além disso, o Santos já tinha provado uma pequena dose do
nosso veneno, no dia 20/03/66 fizemos um amistoso no Mineirão e vencemos por 4
a 3.
A expectativa para a primeira partida da decisão era a melhor
possível, e acreditávamos na vitória, mesmo sabendo do tamanho e poderio do
adversário.
Chegou o dia tão esperado, Mineirão recebeu mais de 90 mil
pessoas e quem foi para assistir ao Rei Pelé, viu na verdade o Príncipe Dirceu
Lopes roubar a cena, marcou três gols e ainda deu duas assistências no passeio
que o time da Vila Belmiro levou, no final 6 a 2 ficou barato.
Começamos avassaladores, com vinte minutos o placar estava 3
a 0 e fechamos o primeiro tempo com a contagem de 5 a 0 a nosso favor.
Para muitos era um resultado inacreditável, mas em se
tratando de Santos e de Pelé, não seria impossível chegarem ao empate ou até
mesmo a uma virada no marcador.
Na volta do segundo tempo, o Santos esboçou uma reação,
marcando dois gols, o que trouxe uma certa apreensão aos jogadores cruzeirenses
e a torcida, mas como era a noite do Príncipe, ele não nos decepcionou e marcou
o sexto gol, selando qualquer tipo de reação do time de Pelé.
Fizemos o dever de casa e agora jogaríamos pelo empate em São
Paulo.
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Assista na TV do Blog, os gols da vitória Cruzeirense,
na voz
do saudoso Fiori Gigliotti. clique na barra laranja
abaixo da TV.
Recordar é Viver, há 54 anos atrás, primeira partida da
decisão da Taça Brasil de 1966.
Dia 30/11/66 - Jogo Cruzeiro 6 x 2 Santos - Mineirão
Arbitragem: Armando Marques (RJ), Joaquim Gonçalves e
Euclides Borges (MG)
Público: Pagante 77.325 - Presente (estimado) 90 mil
Cruzeiro: Raul, Pedro Paulo, William, Procópio e Neco;
Piazza, Dirceu Lopes e Tostão, Natal, Evaldo e Wilton Oliveira. Técnico: Airton
Moreira
Santos: Gilmar, Carlos Alberto, Mauro, Oberdan e Zé Carlos;
Zito, Lima e Pelé; Dorval, Toninho e Pepe. Técnico: Lula
Cartão Vermelho: Cruzeiro - Procópio; Santos - Pelé
Gols: Cruzeiro - Zé Carlos Contra 32'', Natal 5', Dirceu Lopes
20' e 39', Tostão 42' do 1º T e Dirceu Lopes 17' 2º T.
Santos - Toninho 6' e 9' 2º T
Fonte: Livro Rei de Copas - Alexandre Simões
Almanaque do Cruzeiro - Henrique Ribeiro